terça-feira, 20 de setembro de 2011

A vinha
















A vinha

No meu cérebro tenho a vinha
Videiras são meus pensamentos
Cachos de uvas são as palavras
Que esmago nos lábios sedentos

Das parras caídas faço as folhas
Onde escrevo versos doirados
Que são bagos da imaginação
Depois, de bem amadurados

Dos meus tormentos faço o vinho
Com que embriago o pensamento
Assim ébrio... dou à imaginação
Asas… para voar como o vento

No mosto as palavras fermento
Nele, borbulham os meus versos
Que decanto em rimas de carvalho
E depois sirvo em cálices diversos

E como o vinho, são os poemas
Pois todos das castas dependem
O enólogo será sempre um poeta
Escanções, os que os compreendem

Delgado


http://www.luso-poemas.net/

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

"Terras de Mosto" IV Vindimas Épicas

Elas estão aí:As Vindimas Épicas - IV edição
TERRAS DE MOSTO

Soneto do Vinho, de Jorge Luis Borges

Em que reino, em que século, sob que silenciosa
Conjunção dos astros, em que dia secreto
Que o mármore não salvou, surgiu a valorosa
E singular idéia de inventar a alegria?

Com outonos de ouro a inventaram.
O vinho flui rubro ao longo das gerações
Como o rio do tempo e no árduo caminho
Nos invada sua música, seu fogo e seus leões.

Na noite do júbilo ou na jornada adversa
Exalta a alegria ou mitiga o espanto
E a exaltação nova que este dia lhe canto

Outrora a cantaram o árabe e o persa.
Vinho, ensina-me a arte de ver minha própria história
Como se esta já fora cinza na memória.